segunda-feira, 17 de setembro de 2012

E Os Hipopótamos Foram Cozidos Em Seus Tanques - O Tesouro Perdido Da Geração Beat


"E Os Hipopótamos..." é um livro escrito por dois grandes nomes da literatura: Jack Kerouac (autor do recém adaptado para o cinema "On The Road") e William S. Burroughs ("Almoço Nu"). Ambos os escritores também fizeram parte da chamada "Geração Beat", que foi um movimento literário da década de 50; formado por intelectuais liberais e espontâneos, o "beat" se caracterizou pela intensidade na escrita, linguagem informal e a desibinição de certos valores morais (muitos escritores, como, por exemplo, Burroughs, usavam e abusavam de drogas). 

A geração beat foi o berço de muitos outros movimentos, como o aclamado hippie e o impactante punk, além de ser uma grande influência das feministas e dos homossexuais, que tinham como seu objetivo a liberdade sexual, entre outras coisas.

O livro, escrito em 1945, é baseado numa história real, que ocorrera com dois amigos dos escritores, Lucien Carr e Dave Kammerer, é um romance baseado no crime que chocou Nova York: o assassinato de Kammerer por Carr.



Na obra, com cada capítulo escrito por um autor diferente, Kerouac é Myke Ryko, um marinheiro mercante, e Burroughs é Will Dennison, um barman. O enredo traz algumas mudanças quando comparado ao que de fato ocorreu, porém continua sendo bem fiel à realidade. Lucien Carr é Phillip Tourian, e Dave Kammerer é Ramsey Allen - ou Al.

Phillip é caracterizado como um jovem bonito, instável e impulsivo. Al, por sua vez, é uma "bicha velha" (termo utilizado no próprio livro) que persegue Tourian, sempre fazendo de tudo para que seu amado goste dele - o que nunca acontece.

A obra foca principalmente nas tentativas de Al de se aproximar de Phillip, e sua rejeição. Essa perseguição começa a ficar séria quando Ramsey diz ter sido beijado por Tourian, que nega completamente isto. Várias vezes Phillip diz diretamente que não quer nada com Al, quer vê-lo longe, e expulsa-o dos círculos sociais, entre outras coisas. Essas desfeitas, porém, não fazem parar as investidas e loucuras de Ramsey para fazer Tourian amá-lo, o que resulta, com uma pitada de álcool e insanidade, na sua morte.

Na trama, Dennison é sempre mais afastado, um tanto quanto misterioso, que julga como alguém de fora o que acontece. Ryko envolve-se muito mais com os personagens, e isto é algo inegável quando se lê a obra até o fim. Ambos os escritores têm suas características na narrativa, e estas são notáveis quando já se lera alguma de suas obras - e as recomendo.

O livro em si é pequeno, e deve-se entender que sua importância não é relacionada ao crime, mas sim o que este gerou: a própria geração beat. A personalidade do jovem que assassinara seu colega homossexual, seus valores, seus atos, conhecimentos e sua forma de pensar, isso sim foi a essência dessa famigerada casta de poetas e escritores.

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